O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Montes Claros atingiu em abril o menor nível do ano, com 0,59%, abaixo dos 0,64% registrados em março, sinalizando uma desaceleração da inflação, especialmente nos grupos de transporte e alimentação. Com esse resultado, o acumulado no ano chega a 2,46%.

Apesar disso, a economista Vânia Vilas Bôas alerta que a queda nem sempre é percebida pelas famílias. “Mesmo com o recuo no grupo de alimentação, o consumidor ainda sente o peso no bolso devido à sazonalidade de muitos produtos e ao impacto de outros itens que comprometem o orçamento mensal”, explica.

A queda foi puxada pela redução nos preços de alimentos básicos: óleo de soja (-2,86%), café (-7,81%), carne bovina (-3,63%), arroz, ovos e diversos produtos in natura. A cesta básica em Montes Claros variou 0,62% em abril, refletindo baixas em carne, arroz, tomate, açúcar e óleo, mas a batata-inglesa subiu 56%, pressionando parte da cesta.

A expectativa para os próximos meses, segundo Vânia, é que alguns preços continuem caindo, já que a safra de verão se encerra e a safra de inverno ganha força, especialmente com produtos hortifrutigranjeiros. “Esse aumento de oferta pode pressionar os preços para baixo, permitindo que o consumidor perceba, ainda que gradualmente, uma menor variação nos valores pagos nas feiras e supermercados”, afirma.

A analista de sistemas Márcia Amorim confirma ter sentido redução significativa nos preços no supermercado em abril. “Comprei arroz que estava R$ 28 e agora está R$ 18. Óleo baixou, feijão baixou, o que não baixou muito foi o açúcar, mas aí a gente entende que é por causa da safra”, relata.

Márcia acredita que as reduções estão, sim, chegando ao consumidor. “Talvez alguns não enxerguem, mas eu acho que chega, sim, ainda mais na cesta básica, que tanto o governo está tentando baratear.” Por outro lado, ela observa que alguns produtos mantiveram o preço ou subiram levemente. “A carne de boi não alterou. A de porco acho que subiu um pouquinho, talvez pela demanda, mas foi pouca coisa, tipo um real no quilo. Supérfluos subiram um pouco, mas são supérfluos, não tem problema”.

Para os próximos meses, Márcia se mostra otimista. “Acho que vai se manter, porque as taxas vão aumentar para segurar a inflação, mas, por outro lado, o governo está liberando o 13º para as pessoas gastarem. O resto a gente vai istrando.”

Ela conclui, reforçando que quem sabe cozinhar consegue se adaptar melhor. “Desde o ano ado eu não comia carne de boi, mas essa semana achei uma promoção e comprei. Se as pessoas tivessem consciência, saberiam que, se não compram, o preço cai. Não adianta só culpar o governo, a gente também tem responsabilidade, e quem sabe cozinhar consegue variar a alimentação com alimentos mais em conta”.